sexta-feira, 18 de outubro de 2013

3 marias

Maria Maria Maria A ilha da fêmea contemplada pelos ouvidos alheios, abriga a face para o aplauso de Deus na platéia Ser amplo arde e esconde a carcaça da normalidade. Fósforo que achega-se ao fim, crema a mão da alumiada que alimenta a brasa. Gozo musical aborda o primitivo útero de um todo. A espectadora vê teus bustos em notas, penugem de talento, enorme dona, sonega um palco de solidão. Teu cão não é a biríta, teu dom não é a ruína, em seu vão ninguém se distrai, quando pára a terra para cantar, tua essência corre atrás do juízo. A asa que brota melodicamente em suas costas, fantasia o cético, te iça como a melhor voz da banda do divino.

guardanapo

Amar é desabar em outrora Solver o antes feliz para gerar o que só foi perfeito Amar e ansiar o trem da dor na mais luxuosa estação Os afetos serão sucessivamente novos, as dores sempre idênticas Os apegos bailarão no jazido das minhas melhores experiências Elas irão pesadas, nas costas do meu primeiro sudoeste, na brisa das minhas ruínas, pra longe atilados desamores E no recinto que permanece, choverão dos astro das moças, calúnias, nas novas folias: notícias de uma jovem cara metade. Amar é erguer, como palácio de baralho, algo sutil que tombará uma hora ou todas. Içar a pirâmide do juízo só para armar alguma intensa rasteira no sentir-se vivo Saudade será sempre o selo do “valeu a pena” ....

papelão

Até que profundeza vale atingir o fundo do amor sem mim? Vontade nunca falha, o que me mata é a carência do ar que me escondes! O beijo no cangote do nosso mundo que sonegas ! Já atassalhei tudo que tinha, hora de juntar os trapos e recuar para casa, costurar o suntuoso boneco de pano que sempre fui! Amo amá-la, porém é preciso subir para respirar com algum Deus que preze a graça dessa minha entrega.

Derrota do vento

Bruma de aço, raridade, azulejo no olhar de fundo de piscina, única no espaço, natureza contentada e uma tristeza asilada nos braços Bruma de aço, por dentro, cedro de seiva alumiada, apenada na candura afetada, esculpida pela expectativa das vistas do povo asno e casto Bruma de aço, cursa o céu glorificado pela eficácia da juventude, punida no peso de velejar na altura sem domínio de acuar para assistir seu passo Caminhar ou sobreviver nas costas da brisa, sozinha, Bruma de aço, tende a desenrolar cada nó do espaço, sem ancorar a paz na solidão Na coragem, Bruma de aço, que deslustra o vento por marchar pronto e aguerrido no amparo dos devaneios, sonhos de papel de pão e tele-visão Tanta venera virá ao vôo, ofuscado pouso, desenfreada dor, Bruma de aço cuide sempre da queda, sonhos de ferro, no chão... “ bruma quebra como isopor”.

Quase musica

Descansar na escuridão Deixar o sol do tempo cair No crepúsculo da solidão, do beco dessa dor A aurora no coração há de reluzir No emudecer da madrugada A saudade adormece teu partir O galo do intimo, alvorece um novo ardor Hei de abotoar moço e sem ti Por que desviar o vento do rosto? Os traços do teu jeito riscavam meus passos Parar nosso toque no tolo desgosto? Tive que fincar no peito razões sem laço Deixar-te correr cansa o amor Vai como pena breve, eu toco os vestígios de nós Dançar a perda engana o choro No coro da lembrança, canção do fim

quase o fim

Diante desse colossal sono que a falta dela me trás, A ausência me apanha a vontade de existir Sem a terra dos nossos toques, habito as lacunas do viver Um sol sem farol para aclarar essa dor e apagar a sombra que me nubla o peito Um riacho sem entusiasmo ancorou sua correnteza na solidão e perdeu o motivo para desaguar em qualquer outro ventre Afinal minha fruta tem sabor de nada se a boca que me abocanha não tiver os lábios da amada Lágrimas de letras, aquarela angustiada, mancham o branco linho que bem vestia nossa paz Jazz o nosso “de hoje em diante” e a historia passa a ser escrita “de cá para trás”, batemos a porta do amanhã na cara da felicidade, libertando da gaiola somente a araponga do passado, e em um vôo franco, apenas as recordações alcançarão nosso céu, somente lembranças transarão o nosso ardor Um pouco morto...eu vivo! Por muito pouco... não levanto! Com tanto pranto... não tenho socorro! Sem o seu sopro... meu vento é o choro! De qualquer morro... desabo amargura! Na secura da saudade... atado me esqueço! De um grande amor...vencido despeço! Meu preço no agora...é uma nota rasgada! O afeto se lançou da escada...partiu nosso sonho ao meio.

pedaço de guardanapo

Talho os Deuses do dom dela Meus trapos retratam o que a rainha é capaz Enquanto o meu tanto ladra minha face Fotos do instinto revelam a dor Esposa, chupim dos ânimos na trombada Bicho, retorno ao nosso caso Só ao longe o amor tem horizonte Só no caos notamos os dois Agreste é o desejo de cativar com os pés no chão Foi o tempo do que o caldo compôs O que a vida nos frutou o mundo vendeu Na lapide do nosso encontro, escrito: Deus viu. Anseio cancioneiro, desposado carcereiro das palavras